Mãe Terra

Terra, Mãe Terra, em teu seio depositei,

Há éons, a luz de meus cristais.

Na mudez de minhas formas,

Fui ígnea rocha, no cadinho de tuas entranhas

Até a plenitude de bela cordilheira.

Cresci mais, e encontrei guarida

Nas pétalas de tuas flores

E perfumei os ares,

Transfundindo o amor do Pai.

Galguei outros degraus

E encontrei o instinto, dos irmãos animais

E rugi alto meu grito, de domínio territorial.

Cresci mais e mais e, pela primeira vez, chorei.

Chorei as lágrimas do incipiente entendimento

De que era bem mais do que átomos

De rochas, flores e animais.

E, mesmo assim, ainda era parte

Da mesma terra, do mesmo mar, do mesmo amor.

Era apenas a primeira rocha que, lapidada,

Espalhou a luz de seus cristais

E, feito homem,

Agora, era anjo, em voo sideral,

De volta, ao Pai Primordial!