O Universo Compôs este Poema e o Apagará, Como Tudo

Eu, pequeno olho míope que não enxerga um palmo à frente do nariz,

Recebo o dom da vida direto do infinito,

Para explorá-lo, para explorar-me

Para fazer escolhas, para nos cocriarmos

Logo este dom me será tirado,

Sem que eu jamais seja capaz de fazer algum progresso,

O pouco que fizer será destruído

E o universo começará de novo,

Do nada,

Como sempre fez e sempre tem feito,

Como está sempre a fazer, além do tempo,

Não há nada a ser ganho, nada a ser adquirido,

Nenhum destino final a se chegar.

Só há o agora e a vida do universo pulsando e gritando através de meu corpo neste momento

Por isso escrevo,

Mesmo que ninguém jamais leia meus versos,

Mesmo sabendo que serão esquecidos,

Como tudo será esquecido,

Escrevo pois não tenho escolha,

É esta vida transcorrendo no papel,

Escrevo como a chuva que cai,

Como um trovão que dispara de uma nuvem carregada,

Como o espelho d'água que reflete,

Um impulso de vida,

Um sopro de vento,

Apenas este momento

Gabriel Valeriolete
Enviado por Gabriel Valeriolete em 11/04/2019
Reeditado em 28/05/2019
Código do texto: T6621136
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