UM DIA

De tanto andar
Por sendas
Por tendas
Por lendas
Pela linha do trem,
Por ventos além.
De tanto aventurar
Perder o tino
Brincar com o destino,
De vez em quando voar
Com asas que eu me dei
Matizada pluma
Metamorfoseado Deley
Barda liberdade
Muitas identidades
Em só uma.
De tanta ida
Fazer da estranha vida
Assimétrico improviso
Um dia eu me finalizo
                    ...No mar.
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 HLuna
PASSEIO

No mar
quero nadar
talvez no de Fortaleza
porém não tenho certeza
no de Minas não será.
Assimétrico
antiestético
eu vou indo
não fugindo
estou apenas a passeio
e as vezes bamboleio
pela estrada
nas quebradas
escutando a passarada
no seu jeito de cantar.
No mundo da poesia
está toda a alegria
desta aventura
tão pura.
Por que se escandalizar?
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José de Castro
ANDANÇAS E LEMBRANÇAS

Andei por andar
me perdi
me encontrei
nas sendas
de mim mesmo
sem eira nem beira
seguindo a esmo
subindo e descendo
ladeiras
varando a campina
no grotão dos vales
cumprindo a sina
de ser andarilho
errante, fora do trilho
repetindo o estribilho
feito apito
de Maria Fumaça
num grito agudo
que se esgarça
e se perde ao longe
e retorna em eco
dolorido
plangendo, ferindo
por dentro
essa absurda
ausência tua.