CONFISSÃO

O que me compõe é tudo o que minha alma já viveu.

É tudo o que meu corpo já sentiu.

É o que eu me lembro, sonho, sinto:

Amores, dores... Medos, vícios.

É o que eu crio para mim

E o que eu tiro... Desmorono...

E o que fica é só o verdadeiro:

Componho-me.

O que me habita é tudo o que eu consinto.

Tudo que é intrínseco, eu convivo.

Todos os “eus” me habitam

E todos eles gritam...

Fugas, fogueiras, fuzuês...

Habitam-me todos os sexos...

Crenças, cores, quereres...

E eu não fujo:

Habito-me.

O que eu conheço é o que eu busco

E eu busco só o total...

O que toca fundo, o que tem sentido.

Meio termo, meio passo, meio vivo;

O meio me faz mal.

Quem não se conhece aceita qualquer coisa...

Não conheço o caminho,... Mas hei de seguir...

Não sei do mundo, mas sei de mim:

Conheço-me.

O que eu permito é tudo que me eleva

Se não engrandece, não me acrescenta: desce!

A luz e a sombra me somam, me mostram, me são.

Sou o doce e o veneno, não há o que escolher...

Verso e inverso, yin-yang, eu me completo.

Não me tiro:

Permito-me.

Tudo que minha alma já viveu me compõe

E o que me compõe habita em mim

E o que habita em mim, eu conheço

E o que eu conheço eu permito

E o que eu permito, é.

Eu Sou.

Permito-me!

Carolina Salcides © Todos os direitos reservados

Carolina Salcides
Enviado por Carolina Salcides em 24/09/2007
Reeditado em 24/09/2007
Código do texto: T666616