Alma de Poeta II
Meus poemas gritam o que calo
Expõem tudo aquilo que não falo
Impedem meus pensamentos de sumirem no ralo.
Eu sou o arco e a seta
O psicógrafo e o profeta
O princípio e a meta.
Eu sou a queda do sol e a ascensão da lua
Cada atalho e viela além da inevitável rua
Sou toda maquiagem e a verdade cuspida e nua.
Sou o oráculo e suas previsões
Sou a letra e todas as canções
Sou a névoa e as dúbias ilusões.
Sou cada ínfimo ponto da grande reta
Cada ignorada e subestimada placa de alerta
Sou o veneno e o pecado posto em oferta.
Sou a resposta que ninguém quer ouvir
Sou o velho baú que se recusa a abrir
Sou tudo aquilo que reluta em desistir.
Sou o gelo que queima e o fogo que ilumina
Sou a dúvida de dobrar ou não cada simples esquina
Sou a droga que abre sua mente e alucina.
Sou o sonho disfarçado de realidade
Sou a cela que valoriza a liberdade
Sou cada mínimo traço da humanidade.