Leia e esqueça
Escalei o mais alto monte
Apenas para beber na sua fonte
Vislumbrar a imensidão do horizonte.
Fui rei para entender a divindade
Poder ser chamado de majestade
Brincar com os limites da liberdade.
Fui plebeu para aprender a obedecer
Dificultar tudo que poderia e queria ser
Criei a memória para não esquecer.
Fui rio para saber desaguar
Fui mar para absorver e misturar
Fui onda ensaiando retornar,
Fui chuva para equilibrar vida e destruição
Fui solo para puxar os pés pro chão
Fui fogo para purificar e apressar a renovação.
Fui vírgula para simular uma explicação
Fui ponto encerrando qualquer situação
Fui talvez para adiar o definitivo não.
Fui o princípio de tudo e ao mesmo tempo, nada
Caminho sem saída e abertura da nova estrada
Quem sabe o que serei quando findar esta madrugada ?
Não tenho nome, jamais quis essa limitação
Não tenho aspecto, sou uma eterna mutação
Não tente me desvendar, não possuo solução.
Não me leia, não me ouça, não ouse me entender
Preze sua sanidade, não arrisque enlouquecer
Ignore tudo que escrevi, trate de me deslembrar e remover.