Depois da vida.

Quando ele voltar, depois da chuva

Abra aquele litro de bebida

Apele pro teu resto de bom senso

Lá fora o mundo é grande e o frio, imenso

Quando ele voltar, depois da vida

Abra teu sorriso, porventura houver guardado

Aquele desgastado, penso nunca, jamais visto

Sequer por teu olhar sem amplitude

Guarde teu orgulho costumeiro

Esse, que acompanha a tua sombra o dia inteiro

Descobre teu olhar de todo argueiro

Se acaso sentir medo

Feche as mãos, esconda os dedos

Quando, então, se revelar detrás do espelho

Donde há de voltar, depois de tanto tempo

Um resto de lembrança, um traço de esperança

Um espaço que estava vazio

Outro pedaço de passado

Cacos de vida lado a lado no presente

Ilusão de tempo dilatado, embora inexistente

Bem diante dos teus olhos, logo após o estio.

No mesmíssimo lugar que se encontrava

Antes da chuva.

Edson Ricardo Paiva.