Infinitamente

copos transbordam sangue

corpos nas sombras se envolvem

e as lágrimas são depositadas nas manhãs

nos escombros do anoitecer passado

onde o sangue se transforma em vinho

a carne

o pão-de-cada-dia

dormida

a alma dilacerada

concentrada

afogada na próxima dimensão

e o amor sobrevive e o prazer

afinal existem riscos

discos voadores

possessões demoníacas

e deus a dar risadas de sua criação

a grande farsa do homem disfarçado

porém sobrevive a fé

a fé na força maior

que é o próprio ser humano

frágil e confiante

a fé no sentimento maior

que é o amor

próprio e impróprio

apenas natural

e consciente da luta

labuta

e chuta de si o ódio

o lado oculto da raça humana

quando deus passará a existir

claro e forte

um mensageiro das estrelas

que vem à mulher do vento

cavalgar os sonhos do invento

muito lento e muito lento

amar e ajudar

prosseguir viagem

pois deus não era deus

foi deus

e agora

adeus

somos a esperança

a criança do canto soturno

e a vida mais intensa

mais vida

pois os copos não mais transbordam sangue

e somente os corpos ainda se envolvem

infinitamente

Carlinhos Pink
Enviado por Carlinhos Pink em 04/12/2005
Código do texto: T80851