M Ã O S

As mesmas que oram,reprimem.

Abençoam e maldizem.

Acalentam e espancam.

São elas lisas e finas, calosas e duras.

As mãos que acariciam.

Esbofeteiam.

No clamor da ira,

na ternura do amor,

são elas obreiras,

são vis traiçoeiras.

As mãos.

De tamanhos diversos,

modelos fecundos,

modelam universos,

destroem o mundo.

No homem e mulher,

quem não pode entender

o que ela é,

muito tem que aprender.

Trazem todo o destino,

escrito em linhas,

de todo desatino,

escreve-se a sina.

Quem pode entender,

da vida a razão,

sem ter que sofrer,

com a desilusão,

de certo encontra,

o seu galardão.

De retas e curvas,

cortadas ao meio,

a vista se turva,

só resta receio.

Em tudo que há,

se puder entender,

esperando ficar,

ficar para sofrer

é como ir andando,

esperando morrer.

Do meio ao fim,

tudo sentido tem,

espera-se assim,

decifrar o que vem.

Quem sabe na vida

saber dizer não,

sem abrir feridas

ou qualquer confusão

é continuar o caminho

sem entrar contra-MÃO.

A mais longa dita a vida,

outra rege o coração,

também tem a da cabeça,

confundida com razão.

Quem sabe guiar,

falar e ouvir,

gritar e calar,

é ir ao encontro,

de um novo porvir.

Do mundo de outrora,

só restam lembranças.

No mundo de agora,

existe esperança.

E no do amanhã,

a visão não alcança.

Cinco dedos e sentidos,

plenamente satisfeitos.

Do segundo matrimônio,

dois rebentos quase feitos

O sol escondido,

na penumbra da tarde,

quando a lua desponta,

sempre vem o alarde.

No alvorecer presente,

fica a lua opaca,

cria-se nova semente,

e a emoção fica fraca.

29/09/83

Vanderleis Maia
Enviado por Vanderleis Maia em 11/12/2005
Código do texto: T84249