TODAS AS FACES DA VIDA – SUAS FASES CADAVÉRICAS

Eis que me trouxe a carpa ao destino dos fracos

- sim, porque só os fracos ateiam brasa ao destino -

Mesmo as olhiagudas nuvens me prendendo de fianco, acedi ao convite.

Ali estava a vida, toda nua, mergulhada em fósseis cadavéricos

Meio lesas, as outras faces da impureza

Com o perdão pela franqueza, fediam a enxofre.

Se vos disser que limas tive a esculpir os nódulos

Não fi-lo!

Hesitei e mantive o "eu" na corda do passado

Já assim, recado

[quanto mais eu resistia, mais o universo ressentia].

Pobre pecado!

Braço esquerdo de quem rói de lado

Outra fraqueza abrupta, tola e hipócrita

Faz a Monarca bater as asas parecidas

- eu disse parecidas?

Sim, sobretudo porque rosas e versos não se compõem como escalas musicais

São como intempéries dominicais: vêem, rebrotam, usurpam e quando se atina, já nos arrancou a douta consciência

Não há manjar para a clemência.

Apenas um pesar me cobre por inteiro:

Caducar como a serrapilheira sobre o catre que se estende

É a maneira mais voraz de se interagir com a vida que se prende

- mas, nunca, em reles hipótese, permita-lhe vazar entre os dentes.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 13/06/2008
Reeditado em 15/06/2008
Código do texto: T1032223
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