O gosto real do amor.

Continuo em pé no cais, enquanto o vento açoita meu rosto ou acaricia as minhas pernas, quando muda de humor e levanta meu vestido.
O mundo dá voltas. Crianças nascem. Velhos são maltratados pelo Alzheimer. Famílias unem-se em perdas.
Um caminhão de mudança chega.  Livros esperam as caixas para serem acomodados.
Minha alma vaga por sensações. Meus braços arrepiam-se. Meus lábios ardem. O coração entoa um réquiem.
Ouço o mar. Fecho os olhos e mergulho na parte boa do amor, onde as águas são cálidas e as ondas batem cadenciadas. Subo e desço com você. Sonhos passados. Momentos de Deus. Encontros íntegros. Sagrados e profanos. 
Um leve sorriso e sinto o sal de uma lágrima em minha boca. Provo o gosto real do amor e volto ao cais. Aguardo a hora. Chegada ou despedida.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 25/06/2008
Reeditado em 26/06/2008
Código do texto: T1051552
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