A chegada do inverno

A única coisa no mundo que sinto vontade de fazer agora é escrever. Escrever até o infinito. Ida e volta duas vezes. Escrever sobre você e possibilidades.

Paro, olho pra tela, tomo um gole de café, suspiro e volto ao ponto em que a ponta do lápis toca o papel. Hoje está frio. Será que o inverno já chegou? Uma fumacinha sai do café e de dentro de mim quando eu suspiro e olho pro nada. E hoje isso só piora as coisas por aqui. A cidade volta ao seu estado normal e seus lugares ficam ainda mais convidativos quando essa época do ano chega. Aprendi a detestar o frio estando aqui (como sofro!), mas tenho de admitir que não há nada mais agradável e romântico (!?) do que um clima frio e suas possibilidades. Ainda mais quando as hipóteses são a seu respeito e criadas por mim.

Acho um grande desperdício ter deixado a minha cama hoje as 6 da manhã, mas acredito ser um desperdício ainda maior não estar na sua. E jogar mais um inverno fora! Ah, o inverno e seus convites. Engraçado como de repente tornei-me uma amante indiscutível do inverno... Tudo porque o que eu queria para hoje era a sua casa, a sua cama, um cobertor, uma TV, aulas canceladas, férias do trabalho, você e nada mais. Ah, e algumas músicas, claro, posso acrescentar. Aquelas pra se ouvir baixinho. Só. Mais nada.

É mesmo sempre um erro gostar da pessoa errada. Gostaria de entender porque insistimos com tanta freqüência nessa escolha equivocada. E pra que idealizamos se aquilo com que lidamos são sempre seres tão humanos? E que pena perceber, mas é isso que faço agora quando o gole de café me esquenta e eu imagino um programa a dois com você. Um chocolate quente, um cachecol e seu sorriso. Um abraço cheio de roupas, um beijo e dedos de luvas que se entrelaçam. E aquele sol que não aquece, sabe?

Aqui é o lugar quase perfeito, esse é o clima de hoje, poderia ser tudo real, lindo, encantador, uma história de amor...

Mas como nada na vida é assim tão simples e fácil, pra ser sincera e realista (senão muito pessimista e acomodada), vou optar por continuar odiando o frio. Vou passar o inverno inteiro maldizendo esse clima ingrato em que minhas mãos insistem em congelar, porque como nada é perfeito, as suas não estarão junto às minhas, esse passeio de tarde de sol frio não vai existir e você, definitivamente, não é assim tão romântico, além do que, tem ainda o pior dos defeitos que no homem que amo posso encontrar: não me amar.

(Graças a Deus o sol está voltando a me aquecer!)

Rúbia Mussi
Enviado por Rúbia Mussi em 30/06/2008
Reeditado em 19/02/2015
Código do texto: T1058043
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