A TOCAR AS DOZE PONTAS DO CÉU

A tocar as doze pontas do céu

Inflama e clama peito cioso

No meio-dia dum afã achacado

- tenores em polvorosa –

Furto a mais leda rosa em prol da essência

No limiar do entojo pela humana raça

- sem raça, vira-lata.

Através da alma brejeira, límpida como a lua

Antepasto mais quente a cada átimo do pensar – haja penar!

Horas a fio e o caviar embucha

- há sangue nas covas do dentes –

Por falar em covas, elas aguardam boquiabertas, balbuciam

Seu mensageiro, o tédio, já me trouxe o convite:

Expulsei-o!

Por estas escadas sem degraus, abro mão dos cadarços que apertam

Ficando mais interessante a atmosfera apocalíptica

Veia do pensar; noite sem ninar, abóbora

Resto celeste de estrela juntando os lamentos (na abóbada)

A findar, desleixadamente, o tormento

Quando o copo repleto se avizinha e me põe deveras tredo.

São as esferas da vida em paletós de linho

Que nos amolgam fortemente até romper com nossas forças

Dentro duma reza louca, profana e um com olor de enxofre

Passa perto a imagem da dor desfalecida há pouco

Enojo-me, mas é nada

Movo força extrema a me untar novamente

Esta é a primazia que nos embute a vida.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 27/08/2008
Código do texto: T1148829
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.