O BOÊMIO
De bar em bar, de garrafa em garrafa, de copo em copo, lá vai o dono da noite.
Boêmio poeta, boêmio profeta, lá vai ele fazendo das calçados a sua estrada sem destino.
Lá vai o boêmio animar a noite, conversar com o tempo, contar segredos para o vento e amar todas as mulheres.
Lá vai o boêmio na luta pelas causas noturnas, quando todas as verdades são suas.
Lá vai o boêmio curvado, cansado, suado, mas sempre animado para mais uma noite vencer.
Lá vai o boêmio criando poesias, vivendo fantasias, vestindo-se de alegorias para saborear os prazeres carnais.
De bar em bar, de garrafa em garrafa, de copo em copo, lá vai o boêmio pensando ser imortal.
A noite – amante fiel - caminha junto com ele, tecendo momentos de eterno encantamento, fazendo-lhe juramentos celestiais.
De bar em bar, de garrafa em garrafa, de copo em copo, o boêmio bebe os seus desencantos, os seus medos, os seus desamores sabendo que, um dia,se transformarão numa bela poesia.
Lá vai o boêmio, dono das calçadas, varando todas as madrugadas, criando motivos para beber.
Fantasma noturno, transformado em criança na esperança de não deixar a sua criança interna crescer.
Quando o dia amanhece, num passe de mágica, o boêmio desaparece, para na noite seguinte, num sopro divino, novamente acordar e continuar a beber, de bar em bar, de garrafa em garrafa,de copo em copo.