De vazio título intenso corpo...

Ilmenita, a vida é intensa demais para algumas pessoas, acredito que entre as potências distintas, quando se encontram, ou apenas se aproximam, surge o frio extremo e o calor insuportável, almas débeis logo se apagam como a chama das velas em cemitérios esquecidos, velas acendidas por quem de quem já não se lembram mais, e para também esquecidos seres que experimentaram já as vidas em múltiplas experiências... E assim, entre o céu e a terra, há contínuos câmbios de energia, e antes do som estalador do trovão, entre as corrente de chuva, se fez, a quebrar as trevas, da raiz à copa, a chama de compacta energia, um estado material intolerável a nós como estamos, que em alguns incitam medo, noutros admiração, e noutros ainda apenas maviosas reflexões das belezas esplêndidas e intocáveis que vestem os universos visível, inoculável, invisível, físico, metafísico, metametafisico, espiritual, mental, etc, etc, etc... Assim, querida Ilma, de quem já esquece a mente que possibilitou alguma alegria, um dia, num dia, num momento de puro desprendimento, recebeu a luz a escuridão por essa dilacerada apenas as pétalas da rosa multiforme recebeu, sem dar-se conta, do sol que vos fala a luz infinita... Assim, compreensível se faz que nos afastemos, que a distancia sem fim descanse entre nós, e os sonhos que combinamos escrever permaneçam guardados, natimortos antanhos, calhamaços sem letras onde não se pode, apesar que se possa querer, nalgum dia impraticável, com arduoíssimo vigor escrever, a desespero de almas, derramado o próprio sangue aos baldes velozes, lívidos lábios trementes, com dedos etéreos, talvez, no quadro do tempo, na parede da memória alguma mensagem de tolhido envio... escrever, codificar, enviar, receber... Eis me aqui, adiantado na estrada estelar do que se convencionou chamar tempo, eis me aqui, e já, dispondo a ti minhas mãos imortais ao que possa querer, assim por um breve momento, delas fazer... Hei-as para ti, chumbadas, nelas talhadas, por séculos a fio, biunivocamente falando, esses símbolos estranhos, carregados símbolos de uma liguagem ainda morando nos longes do eu-extremoprofundo, fátuo ser que não se pode apalpar com as mãos, quiçá por outro que vive nos abismos de um denso olhar, de um que emites em estado de fluxo, de substância noturna que, invadindo as casas, refaz os sonhos das gentes quaisquer, sem rotulo na testa, sem idiomas na boca, nem canhões de potências, ou bairrios de orgulho... Essa coisa que vi, que molhou minha alma, no universo invertido, refletido na parte que ver de teu ocular globo indelével, escuro doce abismo, me pôs a mais que pensar, deu-me elementos, e com eles eu faço aquarelas e sinfonias, poemas e cantorias, o que for... mas eis me aqui, cativo, opcionalmente abatido, mas resistente, ilimitado, mais brioso que diamante ainda, eis me aqui, de unhas arrancadas, no silencio da noite, pelo interior de teu sono, invadindo teus segredos, enquanto dormes, enquanto és mais tu que tu és, imbuído de pavor e vontade, querendo e retendo os estalactíticos dedos, agora macios, na alma do teu rosto pousar... Eis me aqui, esquecido de mim, apenas de ti meu ser a se formar... Eis me aqui efêmero, duoefêmero, hiperefêmero...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 21/09/2008
Código do texto: T1189241
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