CHUMBO VIRA AMOR

Cefaléia

Rufo das mães nas idas e vindas ao ninho

Dia de som mudo, pretexto imundo

Sem chorume, sem cheiro de nada.

Dia de ausência na ojeriza da vida

Sempre ousado férreo trilho sangrento

À porta fechada, entre a vela apagada e o candelabro

Há o descaso e o apoio dos cães que ladram.

Senhoras do medo, hei-me

Sou como floresta sem a serrapilheira

Sem anca, sem pejo, com distinção

Descaradamente, desmesuradamente a colher – ao custo que for – a essência florida.

Veias doridas, passos de manjericão

Por se queixar enquanto regulamenta o sono

Por suspeitar que seu café é o seu dono

Que assiste escorrer pelo flanco, a espuma densa da manhã amarelada.

Memórias:

Falésias que se condensam e caem

Despencam!

Abruptamente, dum sonho inacabado, indelicado

Pecado.

Rasga a pétala do ódio prestimoso

Que, ao assoprar lenta e sabiamente, reúne todos os cacos numa espécie de todo

O marasmo liquefeito vira brisa, que se faz beleza

Ao se aprumar no olor, torna-se devaneio

E ao imprimir em seu leito, acalentado louvor, vira amor.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 30/09/2008
Reeditado em 30/09/2008
Código do texto: T1204571
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