CHUMBO VIRA AMOR
Cefaléia
Rufo das mães nas idas e vindas ao ninho
Dia de som mudo, pretexto imundo
Sem chorume, sem cheiro de nada.
Dia de ausência na ojeriza da vida
Sempre ousado férreo trilho sangrento
À porta fechada, entre a vela apagada e o candelabro
Há o descaso e o apoio dos cães que ladram.
Senhoras do medo, hei-me
Sou como floresta sem a serrapilheira
Sem anca, sem pejo, com distinção
Descaradamente, desmesuradamente a colher – ao custo que for – a essência florida.
Veias doridas, passos de manjericão
Por se queixar enquanto regulamenta o sono
Por suspeitar que seu café é o seu dono
Que assiste escorrer pelo flanco, a espuma densa da manhã amarelada.
Memórias:
Falésias que se condensam e caem
Despencam!
Abruptamente, dum sonho inacabado, indelicado
Pecado.
Rasga a pétala do ódio prestimoso
Que, ao assoprar lenta e sabiamente, reúne todos os cacos numa espécie de todo
O marasmo liquefeito vira brisa, que se faz beleza
Ao se aprumar no olor, torna-se devaneio
E ao imprimir em seu leito, acalentado louvor, vira amor.