As Flores
De sua boca poderiam sair flores: metáforas incompreendidas a olhos impuros. Quis expulsar de dentro de si alguma coisa que nem ela sabia o que era. Só conseguia sentir a dor que esmagava o seu coração, prendia o fôlego e congelava a sua vida. Pôs-se a chorar e a gritar em silêncio. Uma flor austera e silenciada. Ali ela estava só. Em meio a cirandas e rodamoinhos... Uma mistura de sentimentos que ultrapassavam seu pobre domínio, mas aguçavam sua breve loucura.
O que sangra...
Aquilo que não se conhece mais. Velando noites inteiras, solitárias. Se o sentir lhe bastasse, pequena flor que lhe acompanha, não mais tentaria entender os porquês, os medos e as estações que mudam a cada hora.É preferível começar a viver, embora, não se saiba como.
As flores que te acompanham vão estar junto a ti no último momento desta vida. O mais breve, o menos intenso, o último. Podem dissipar-se contigo, resguardando o teu perfume por um pouco mais de tempo. A incerteza lhe assombra? Amargura-lhe ou angustia? Saiba que todas as coisas são contrastantes e é por isso que se completam. Porque buscam, sem saber, umas as outras