ONDE ESTÃO AS ROSAS? (MUNDO SEM VEIAS)

Mundo sem graça

Deturpado e hostil

Mentira ao vinagrete, que colho

Um mundo sem pulso

Cortejando a urna – perdulária, mortuária

Imundo e brejeiro, de asas cortadas

Fareja o solo em vôo de rasura

Esquipática forma esquipática, teores medíocres.

Um mundo depressa

Uma gente desconexa, mesquinha

Quão perto se aprisiona, seu ventre

Imagem despida da cinza do vurmo

Um mundo indigente, negativo, ausente

Pelas costas e ao fundo, um mundo apoético

Deveras biônico, arsênico puro (e ingênuo!)

Lanternas à força, mas brilha... seu nojo.

Alíneas amargas da gente comparsa

Sem curvas... carapaças

Vivendo na aldeia dos moribundos

Desalmados em torpor, vão sangue em chicote

O velho eremita deitou no telhado, ajoelhou-se e tal

Um mundo vaguinho, sem turno nem nau

Sentinela no esgoto da fonte abissal e insatisfeita

[A caveira assiste ao mundo e rejeita].

Não há láureo olho no mundo em que vivo

O mundo preciso, de pulseiras e lojas

Ferino, canibal; velame sem forro

Não cobre nem deixa estuporar o mal

Mundo sem graça, que passa...

Que nada!

Por trás do manto celeste ruboriza nossa veste

Perante tudo, diante da insignificância que se lhe agrega...

E não agrada.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 20/10/2008
Código do texto: T1239188
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