INVEJA AOS PORCOS
Eis tu, lascívia
Recostada à mangueira, sem o espelho
És a mesma tua e a do outro lá
Requentada, tão maculada e já abluída
Diria, quente e descascada.
És tu mesmo?
Tão desalinhada, cor de ébano
O teu rosto soma espinhas repulsivas
De todas as histórias, todas as linhas
Não é não, meus cuidados!
Ingênua, esquipática...
Que horas a jangada chegou?... é lenda!
Ela sempre esteve atracada no porto
Sobre o convés morto dum dia salgado
Por zarabatanas certeiras que lhe miraram.
Lindos olhos os seus, lascívia! Mornos!...
- por que mudaste de cor? –
Não singras com os elogios?
Faço-os por apelo sincero, juro!
Nem me pense se não ousares.
Tenha-me como amigo
Ouço-a pelas horas afora e pelos goles
Prometo saudá-la com jóias e atabaques
Mas, desmanche essa imagem de gominha
Senão, faço de ti lavagem e lhe dou aos seus.