INVEJA AOS PORCOS

Eis tu, lascívia

Recostada à mangueira, sem o espelho

És a mesma tua e a do outro lá

Requentada, tão maculada e já abluída

Diria, quente e descascada.

És tu mesmo?

Tão desalinhada, cor de ébano

O teu rosto soma espinhas repulsivas

De todas as histórias, todas as linhas

Não é não, meus cuidados!

Ingênua, esquipática...

Que horas a jangada chegou?... é lenda!

Ela sempre esteve atracada no porto

Sobre o convés morto dum dia salgado

Por zarabatanas certeiras que lhe miraram.

Lindos olhos os seus, lascívia! Mornos!...

- por que mudaste de cor? –

Não singras com os elogios?

Faço-os por apelo sincero, juro!

Nem me pense se não ousares.

Tenha-me como amigo

Ouço-a pelas horas afora e pelos goles

Prometo saudá-la com jóias e atabaques

Mas, desmanche essa imagem de gominha

Senão, faço de ti lavagem e lhe dou aos seus.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 29/10/2008
Código do texto: T1254746
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