Anestesia

Por um momento distanciei-me de mim mesma, os pensamentos misturavam-se em realidade e fantasia, num sentimento de liberdade total. Resistia em abrir os olhos para viajar por mais alguns segundos, na esperança de desfrutar daquela sensação por mais tempo. Distante de mim? Não! Só agora me dou conta de que não foi bem isso. Distante do que sou para os outros e mais perto de quem sou para mim. Isso mesmo, eu estava prestes a conhecer-me melhor, ali, deitada, inerte, temporariamente anestesiada.Estava quase descobrindo, faltou pouco.

Abri os olhos devagar, quarto vazio, silêncio total...

Tentei fechar os olhos novamente mas a sensação já não era a mesma.

Ninguém por perto. Pus os pés no chão e levantei-me devagar, um pouco zonza, mas voltando para a realidade.

Abri a porta e eles estavam lá, me esperando, enormes sorrisos nos rostos.

Voltei para a vida, eu, com todas as minhas doçuras e agruras, como está escrito. Tive medo. Medo de me enxergar e perder todo o controle de mim mesma! Tenho a sensação de que vou acabar me conhecendo...

Catia Schneider
Enviado por Catia Schneider em 24/03/2006
Reeditado em 12/01/2016
Código do texto: T127847
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