UM LUGAR COMO ESSE.
A calma deste lugar ressoa na alma da tarde. Faz o meu cão dormir tão pachorrento quanto o vizinho que na rede se balança, lento. Faz a galinha redonda ciscar num círculo pequeno. Faz a fumaça do cigarro de palha subir num espiral ameno. As moscas estão dormindo. E é a quinta feira que já vai indo pelo meio da tarde. Suspensa no céu a preguiça convive com o silêncio fecundo das formigas. Lá longe, na rua deserta, uma cabrita passeia balançando as tetas. Passa um carro de boi gemendo. Desce o carreiro à sombra do abacateiro, tira o chapéu de palha, afrouxa a botina, descansa sem travesseiro. Uma criança colecionando vermes ao sol oferece água fresca ao boi. O sono dos mortos no cemitério do fim da rua, vela pela morte iminente dos vivos.
Quem diria que ainda existiria um lugar como esse... Vê e sente.