NO BOSQUE

Ali, à sombra, eu me sento.

Coloco o chapéu e a garrafa d’água do lado.

Fecho os olhos.

Fecho.

Viajo.

Sob as árvores estou e vôo.

Sou igual um pássaro.

Busco o espaço.

Das coisas físicas me desembaraço.

Eu sobrevôo o bosque fresco.

Vejo um afresco.

Uma pergunta.

Que pensas, ave colorida?

Que pensas da vida?

Não penso.

Agora não estou pensando.

Só estou sentindo.

Só estou voando.

O som de umas botas pisando em folhas secas não me desperta.

Nada me alerta.

E o “caçador” se aproxima.

A pergunta eu ouço assustada.

Que fazes, bela mulher?

Abro os olhos lentamente e o vejo de pé, bem à minha frente.

Os olhos dele estão pregados no meu rosto.

Respondo calmamente.

Descanso.

Aqui?

É proibido?

Não. É perigoso.

Pego o chapéu e deixo a garrafa d’água... “esquentou”.

Digo.

Então adeus. Eu vou...

Me afasto.

Ele fica me olhando simplesmente.

SONIA DELSIN
Enviado por SONIA DELSIN em 19/12/2008
Reeditado em 25/03/2011
Código do texto: T1343722
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