REFLEXÃO VENÉREA

Garota residente entre os pinheiros,

Contigo, rastro de dor, promiscuidade;

Ambas, são seus companheiros,

Teve mania de amor livre,

Não lhe condeno, respeito-a,

Inspira-me alto-conceito,

Sei que paga, preço bastante alto,

Por que fui lhe encontrar?

Dançando exposta naquele palco,

Feriu meu preconceituoso coração,

Não à conhecia...

Deu-se o parto dessa premunição.

Teatro da vida,

Ao sentar-me na primeira fileira,

Tornei-me um ator,

Em vêz de espectador,

Nossos olhares se cruzaram,

Como amador percebi

Fontes de infelicidade,

Talvez frutos

De uma falsa liberdade.

Não sei por que,

Num segundo,

Fui gamar por você!

Amarga resposta,

Corajosa e sem esconder:

Sou portadora da D.S.T.

Vida a dois, não,

Não quero mais sofrer,

Sou adolescente ferida,

Pelos fatos, que sozinha não cometi,

Mas não retiro minha responsabilidade, sofrida,

E assim ficarei entre os pinheiros, escondida.

Tenho certeza, que o tempo vai curar,

Todo meu ego dolorido...

Por enquanto, sem alegria,

Não desejo chamar alguém de querido.

Lembro-me

Fui bastante recomendada,

Pelos meus amados pais:

Meio cem por cento seguro de evitar essas doenças

E não ter relações ilícitas sexuais.

Não sofra assim, menina mulher,

Acredito que nesse espetáculo da vida,

Deus lhe deu nova chance,

Evite os erros da desobediência,

E nesse contexto jamais dance.

Sou experiente e maduro,

Lutando prá chegar um verdadeiro amor,

Em ti, fui inspirado,

Relâmpago sedutor para amar,

Passo a passo desejo te alcançar.

Se não fôr tarde demais,

Retorne, vá até aos seus pais,

Digam-lhes que aquelas

Deformidades de não se ouvir

Não repetirá jamais.

Foram desobediências chocantes,

Sistema, mocidade vulgar,

Sociedade cultural vacilante,

Que para provar ser Homem,

Deve possuir fertilidade, e,

Tem de adquirir doença venérea,

Simbolo da masculinidade.