ALÉM DA JANELA
ALÉM DA JANELA
Elizabeth Fonseca
Que bela paisagem, além da janela
e o sopro do vento a faz balançar!
Milhões, trilhões de folhas agitam faceiras.
Flores da mangueira de um pomar,
sazonadas frutificam.
E o leque dos coqueiros tremula pendente no ar,
enquanto a quaresmeira enfeita a janela de lilás.
O pequeno tiê-sangue se equilibra sobre os fios
e os outros passarinhos brincam de pegador sobre o telhado.
E quando vêem seu território ameaçado por uma coruja medrosa,
mas que aceita seus insultos, o sabiá, o bem-te-vi, o joão-de-barro e
o pardal tiram rasantes sobre sua cabeça para afugentá-la,
resguardando assim, o ninho de seus filhotes.
Mas ela, quieta, muda, não voa... sabe esperar.
De vez em quando, periquitos e até araras, fazem visita
ao petiscoso coqueiro. É uma verdadeira algazarra!
A tarde ainda brilha sorrindo no perder das horas.
Que paz!... Que bálsamo benfazejo para a alma!
O trabalho se torna leve e gratificante.
O sol empalidece sobre as folhagens
A minha janela logo será fechada,
mas na janela da minha visão, o esplendor,
o colírio cristalino da alma.
E leve, silenciosa, a brisa mansa faz a tarde emudecer.
Os pássaros se aninham nos galhos para dormir.
A cor da noite aparece... Eu fecho a janela,
Despedindo-me da beleza do dia.
- Até amanhã!... Boa noite!...