SAUDADE EM PALAVRAS
SAUDADE EM PALAVRAS
A tua existência me amplia as saudades, porque sinto-te sempre na ombreira da porta, mas o teu cheiro deixa marcas no chão.Esqueces o cheiro das velas saltitando em redor desta paixão?
Esqueces tudo como se nada tivesses vivido dentro de mim. E agora eu espero na sombra veloz das paredes que me servem de saudade.Que adianta olhar o espelho onde te encontro tão nú como na noite do cheiro das velas, aquela vela rubra que iluminou todo o nosso orgasmo de dentro para fora.
A vela vermelha que te beijou e queimou as cortinas do prazer.
Prazer irreal, real e absoluto entre nossos corpos nús.De que adianta o futuro que espero de mãos postas ao luar? de que adianta esperar mais um outono por ti? Voltas e manchas o ambiente de amor, manchas as minhas pernas com o teu orgasmo, e partimos os dois em lua de primavera.
E agora, o que existe alem do escuro que me envolve em partituras duma harpa que toco noite após noite sem te olhar.
Queria sorver o teu cheiro e antes dessa partida, dessa ãnsia de te juntares a mais alguem que não eu.
A tua presença sufoca-me mas eu gosto, os teus olhos são uma critica ao beijo e à paixão que te tenho, mas eu gosto, não sei quando nem como irei encontrar-te mas sei e imagino-te sobrepondo-te ao real, ao cheiro, ao roçar dum beijo nessa boca de orgasmo, ah! essa boca que me provoca orgasmos infinitos, mas este vento que sopra em rodopio suave e lento faz-me sentir que és sempre e só meu.
A outra? de nada adianta esses projectos, esses detalhes, essa magia de alguem que te quer iludir, ela jamais te amará como eu. Deixa as expectativas de lado e sente as lembranças perdidas nos cantos,das folhas dum outono nessa tua vida de inverno.
Vou esperar-te, não sentada porque quero viver, não de pé porque anseio a tua mão, mas olhando algo que me lembra de ti.
Talvez seja a toalha onde te limpas quando me amas sem pudor.
Talvez os passos que consigo ouvir na esquina da porta onde te abraço e beijo, pode ser a minha mão que te afaga sem defeito.
Estou aqui olhando a tarde tão lenta como os recortes duma luz que apago para te visualizar nas paredes duma sinfonia que oiço minuto após minuto, a mesma sinfonia que me acompanhou no ultimo prazer que me deste, dentro da tua lingua veloz que me amou em silencio.
Quero a tua lingua,
quero o teu beijo de sol
quero o teu olhar de coragem
quero escrever no sol o teu nome
quero a inquietude do verdadeiro
quero voar de poema em poema.
Quero ser poeta... serei um dia, entre promessas e sonhos, entre palavras e orgasmos.
Serei sim, poeta, para te escrever o poema nas folhas onde tu vives dia e noite pensando em mim, falta-te a coragem para me beijares, será alguem que vive a tua vida? que bebe do teu prazer? tu não sabes e não queres saber, porque a verdade te assusta, deixa essa viela escura e vive o que mais te suaviza os sentimentos.
O cansaço de partires impede-te a vontade dum encontro em que no meu colo te sentes feliz.
E à medida que o tempo passa sentes mais cansaço e a lembrança que já foste tão longe neste episódio da tua vida que quebras e maltratas sem dó.
Eu descubro-te no meu seio onde adormeces e beijas a minha pele, suave e quente.
Eu beijo-te as pernas envolvidas em mim e cuido suavemente do teu coração que bebe em goles esta ãnsia de paz e prazer.
A minha coragem te conduz ao mais fascinante cenário e aos poucos sufocas-me de beijos, sinto os teus braços enlaçados no meu corpo sedento, faminto e louco por ti.
Beija-me meu amor!
Fazes parte desta ilusão,
Fazes parte de mim.
Espero aqui, deitada e suportando a distãncia dos teus olhos.A tua existência é a minha pele, um recorte de luz, suave e contínuo, um horizonte de palavras, uma boca que beijo.
És o meu respirar!!
És o meu poema...
Amália LOPES
Fevº 2009