AH, SE NÓS TIVÉSSEMOS ALMAS AZUIS!
Jamais o medo!
Interveio o mar, distante
De odisséia e apelo constante
Verdejante e prásino – quase livreto
Outrora, soubera voar
Para outras tantas terras
Sob castas lendas
A apologia a se interar das coisas
E pouco gelo, pouco peixe, feixe de pus
Safa água, encorajada e livre
Por intempéries; por doença dos “sapiens”.
Quisera o mar ser gaivota
A marinar o homem e a o comer de sobremesa
Perante o infindo e magnânimo azul
Gigante ínfimo despedaçar de vida leda
Deste enorme e ralo planeta
Dessa falência que nos abomina e nos leva a pique
Sem estrelas, sem ouriços, sem cantos
A emergir nos sóis, a reagir... lençóis
Molhados, cavoucados à cabeça pesada
Quase mortos os cânceres desta dor pulsante.
Não seque o mar, não sequem o mar!
Há bebezinhos que nele se aleitam
Claves enternecidas rasgam na aurora a perquirir
Jamais o medo!
No mais claudicante e delicado gesto de desintoxicação humana
Há um solo que suporta e aporta
Há cetáceos nos fitando sem ódio – não sabem de nada!
E nós, poucos de nós, importando-se, importunando-se com tudo isso
Não há escoamento, não há desvelo!
Ah, se fôssemos força em vez de fossa!
Ah! Se nós tivéssemos almas azuis...