AH, SE NÓS TIVÉSSEMOS ALMAS AZUIS!

Jamais o medo!

Interveio o mar, distante

De odisséia e apelo constante

Verdejante e prásino – quase livreto

Outrora, soubera voar

Para outras tantas terras

Sob castas lendas

A apologia a se interar das coisas

E pouco gelo, pouco peixe, feixe de pus

Safa água, encorajada e livre

Por intempéries; por doença dos “sapiens”.

Quisera o mar ser gaivota

A marinar o homem e a o comer de sobremesa

Perante o infindo e magnânimo azul

Gigante ínfimo despedaçar de vida leda

Deste enorme e ralo planeta

Dessa falência que nos abomina e nos leva a pique

Sem estrelas, sem ouriços, sem cantos

A emergir nos sóis, a reagir... lençóis

Molhados, cavoucados à cabeça pesada

Quase mortos os cânceres desta dor pulsante.

Não seque o mar, não sequem o mar!

Há bebezinhos que nele se aleitam

Claves enternecidas rasgam na aurora a perquirir

Jamais o medo!

No mais claudicante e delicado gesto de desintoxicação humana

Há um solo que suporta e aporta

Há cetáceos nos fitando sem ódio – não sabem de nada!

E nós, poucos de nós, importando-se, importunando-se com tudo isso

Não há escoamento, não há desvelo!

Ah, se fôssemos força em vez de fossa!

Ah! Se nós tivéssemos almas azuis...

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 20/02/2009
Código do texto: T1449073
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