de ir...

A angústia me abraça forçado.

Seria trágico, mas ela ri, ela me explica que preciso dela.

Preciso, eu sei.

Não há como dar fast foward no mundo.

A angústia é uma amiga, uma amiga escrota, estranha aliada, um abraço fedorento, é um fardo, uma bolsa pesada que levo pelo longo caminho e que, se a deixo na estrada, não consigo mais andar.

Ela ri, fique comigo, ela diz, você precisa de mim.

E eu, que não tenho mais nada, que desisti do resto, deixei pessoas pelo caminho, deixei prazeres, sabores, deixei a mim, eu, que sigo sozinha com a angústia amarrada a mim, se a deixo, me amputo.

Há um campo de batalha ao longe, quase no infinito, eu vislumbro a fina linha de soldados no horizonte, quase não posso ver onde termina.

Do lado de cá, minha asquerosa amiga me sussurra, vá comigo, se abrace em mim, se você conseguir chegar até lá comigo os vence.

Amarga angústia, este exército aliado que Deus enviou pra mim.