Fragmentos

Não é o doçura das pessoas que atrai; talvez seja o rasgo de intolerância ou o desalento que mostra a face inóspita.

Não é o riso frouxo que acende o riso companheiro; é a lágrima que se oculta no silêncio dos lábios.

Não foi e não será a voz articulada, os argumentos engendrados que definirão a intensidade do poder de sedução, que pode-se até gaguejar e ainda assim produzir mais efeitos.

Quem saberá de onde vem o elo que atrai e prende à essência de outrem? Como saber em que hora virá ou quando cessará?

Há no ar um cheiro de verdade que faz desabrochar certezas e certezas haverão de sedimentar verdadeiros afetos?

Se não há como explicar donde surgem as primeiras chamas que criam raízes e fortalecem relações profícuas e profundas, fica então a desorientação no ar de como manter essas mesmas relações, e mais aterradoras ficam as buscas para quem não sabe enxergar além do próprio nariz, ou não sabe cuidar além do próprio umbigo.

Certo somente a esperança de que a qualquer hora seu eu se deparará com o eu de uma essência que pela pluralidade de coincidências ou pela total diferença de cuidados e pensamentos criará elos para atração. Será?

Onde e quem explica em que tempo se nasce para a vida? Ou se existe um tempo para se sentir atraído pela vida ou pelas pessoas.

Não há estatutos que orquestrem esses ou aqueles corações...há sim uma grande interrogação em cada cabeça e uma frágil chama miúda que se num sopro se apagar...a vida mergulha numa escuridão sem fim...

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 12/05/2006
Reeditado em 15/05/2006
Código do texto: T154950
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