Esqueça o calendário!

Um pedacinho do meu coração sempre foi território seu, desde a idéia da sua chegada, mas acho que não sobrou espaço aí dentro do seu coraçãozinho para mim.

A medida que você cresceu seu espaço aqui dentro de mim aumentou e floriu, ao contrário do meu espaço aí dentro de você; que foi encolhendo...encolhendo com tantas pessoas chegando que você resolveu me despejar do seu coração...

Não se lembre de mim só porque o mundo grita ao seu redor que eu existo, não quero ser nota obrigatória na sua agenda, lembrança perpétua no seu calendário pela necessidade humana de carimbar presença.

O espontâneo espaço reservado pode até ser bem pequenininho, pode ser ocasional, mas será imenso e eterno se me guardar puramente por amor.

Um olá, um beijo, uma recadinho dependurando, a isenção de cobranças, vez em quando, o respeito na mesma proporção da liberdade ao falar, de ambos os lados ; fazem com que as lágrimas testemunhem a sinceridade do carinho, as vezes muito mais do que beijos estalados e abraços apertados.

Já não faço parte do seu núcleo de convívio...fui destituída do direito de ver os seus sorrisos e tristezas e as gracinhas da minha neta, mas conservo na minha retina a mesma imagem que quero lembrar sempre que me encontrar com a minha solidão.

Esse ano eu vou ser mais filha do que mãe, vou me entregar aos braços de quem me ama incondicionalmente, da mesma forma que eu aprendi a amar.

No fim do dia eu volto para o carinho dos que guardam ainda um calorzinho no abraço para me apertar e o sorriso fraco, desarmado de quem sabe que eu só preciso ler nos olhos a verdade, que nem sempre os lábios sabem documentar.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 13/05/2006
Código do texto: T155342
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