OVELHA NEGRA
Ser ovelha negra é
Detestar facilmente
Adorar o impossível
Perdoar lentamente
Acordar ao meio-dia
Devorar um sanduíche
Olhar o céu na tarde fria
E chorar com filme triste
É odiar lavar a louça
Detestar fazer comida
Achar que a vida é uma bolsa
Cheia de coisas vencidas
É ficar imaginando coisas feias
Enquanto faz coisas bonitas
Não saber costurar meias
E amar batatas fritas
É amanhecer chorando
Sentindo que a vida é um tédio
Anoitecer dançando
Quase a derrubar o prédio
É ficar com a cara murcha
Quando fica apaixonada
E escutar aquela música
Melosa e açucarada
É policiar parentes
Com aquele ar de songamonga
Imaginando coisas dementes
Guardando as cartas na manga
Ser ovelha negra é adorar
Odiar, amar, detestar..
Procurar caminhos longos
Só pra se distanciar
Toda ovelha negra é descente
Cheio de idéias e poesias
É uma ovelha diferente
Porque tudo na vida fantasia
A ovelha negra busca justiça
Caminhos de esperança e de paz
E odeia essa cobiça
Que de maldade o mundo faz
Ovelha negra não é defeito
Também não é religião
É algo que não tem jeito
Vem dentro do coração
Uma mente sem regra
Liberdade na razão
Assim é a ovelha negra
Vivendo na contra-mão
Uma ovelha negra zangada
Precisa de solidão
Tentar consolar não adianta nada
Tem que esperar o perdão