A CARA DO SILÊNCIO E SUAS MAZELAS

Abateu-me a inquietude cíclica do silêncio

Com suas asas eloqüentes, coisa e tal...

Da paina fez da noite travesseiro

E se revelou a nau

- prásina e nigérrima –

Tal o ar com suas gaivotas.

Veio-me com alva barba, prognata

Dilacerando em mim, inversas certezas

- olhos repletos de sangue -

Sem as quais não se vive.

Tivéssemos céu claro e mar sereno pelos dias

Não erigiríamos tão rotundos dos lençóis

Nem lapidaríamos com maestria, as indocilidades do tempo

[nem as imbecilidades dos outros].

A esta sucinta e leda reflexão, vai um vão raso

De cicuta e de água de bateria

Como nas noites de domingo

Em que se prezam açoites a nos livrar do silêncio.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 01/08/2009
Reeditado em 01/08/2009
Código do texto: T1730875
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