SE EU NÃO FOSSE TÃO PROFUNDO...

Quiçá, amanhã, eu não rebente

Poderá ser um tormento

Nem o céu nem o ar, lá, haverá por mim

Às vestes na popa; a mortalha.

Outras ledas e velhas histórias me engazoparam

Não tenho boa escada a ampliar a queda

Não tenho massa a esplandecer o frágil coral

Só tenho vela apagada; só tenho ressequida mágoa.

O cabo não será rotundo o bastante

Minha alma já tratada inda anda inchada - e achacada -

Não consigo enxergar minha fase de cio

Nem a terra nem o mar há de me olvidar.

Dessas preciosas e forasteiras idéias, descamei

Por incrível que se pareçam com vidas

São besteiras; são meus calos em conluio com a aorta

Que inda pulsa; mas, com tristeza, borra.

Não me ergo desta vez, pois o ego já murchou!

Já plantou outra semente que morreu na primazia

Pensava em ter com o amigo envelhecido...

Mas, o quê?

Continuo, lentamente, a fiação do cabo e à mensuração da altura.

Se não fosse tão alto!

Se eu não fosse tão profundo...

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 06/08/2009
Reeditado em 07/08/2009
Código do texto: T1740485
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