PASSA O TEMPO, UNTA E ASSA A VIDA

Passa tempo de grandes unhas... ardido

Leva consigo a doce prenhês inútil da vida

Repassa os calores sentidos e os converta em amor

Assim, sorvo-os com colher de sopa, ao pé do pote melado.

Ninguém é tanto assim, tempo esgoto!

Tenho comigo a sua inesgotabilidade efêmera

Não rezo, contudo não nego seu clã vindouro

São ameixas a desmoronar os sonhos de menino.

Só não invento tais brumas [incolores]

As minhas são densas como o ar na profundidade

Perigalhos vão juntando coisinhas, às valas

Depois, afogam a todos, impiedosamente.

Passa vilão dos ventos, estro descontrolado das estrelas!

Passa mais perto daquele que o vê distante

Trace verso miúdo, mas não o cante

Limite-se a silvar profundamente, sem amarras.

Sabe, tempo descolorido e ausente...

Teus mestres foram os mesmos que plantaram o trigo

Serviste de escada e de amurada, por vezes

Ora, então, por que cisma comigo?

Se é assaz bom para pintar os cabelos da jaca

Deveria ser gelo a alocar olhares insanos

Leva consigo as fontes incólumes [caso ainda as tenha]

Pois, essa Terra dorida haverá de lhe esquecer, em breve.

Ouça o que eu digo!

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 05/10/2009
Código do texto: T1849371
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