O QUE NOS PRENDE À VIDA
Tendão
Sufocante e preciso cio
Brioso: exaspera e alisa
Tensão
No convés e debaixo da escada
Dedilhando
As marolas hão de dançar – já almoçaram!
E o ventre inflamado de glórias
A intencionar
Brincando de ser, tentando ter um “não”... tendão
A elasticidade da vida, sua tenacidade
Que o faz ligeira pele, que o torna prófugo escravo
Duma Terça enviesada, dum Sábado inestimável
A ocultar malícias, a lapidar suas mazelas
Colocando-as no relicário... nigérrimo céu.
Tendão
Ciosa bola de neve, o cão mastigando as cenouras
Todas verdes, bolhas prásinas de fel e de escova de dentes
A aplicar a xilocaína ademonista e a enxovalhar
E vos dizer que rege, contudo, senão
A esmerilhar, a escarificar, a arrancar moitas e moitas de madeixas embirotadas
Um alvéolo e seu ser surfactante servil
Caçoando, marulhando a esticar o tendão do solo do inferno
A ter mentiras verossímeis, a lotar as calotas oculares
Com o gelo plácido e violáceo da morte – o urso bocejou
O feijão preso no teto e a ida ao revés da horta
Por todos que têm espelho
Para todos que lêem as entrelinhas
E para outros que espremem a testa e se curvam sobre o rim:
Tem não!