O QUE NOS PRENDE À VIDA

Tendão

Sufocante e preciso cio

Brioso: exaspera e alisa

Tensão

No convés e debaixo da escada

Dedilhando

As marolas hão de dançar – já almoçaram!

E o ventre inflamado de glórias

A intencionar

Brincando de ser, tentando ter um “não”... tendão

A elasticidade da vida, sua tenacidade

Que o faz ligeira pele, que o torna prófugo escravo

Duma Terça enviesada, dum Sábado inestimável

A ocultar malícias, a lapidar suas mazelas

Colocando-as no relicário... nigérrimo céu.

Tendão

Ciosa bola de neve, o cão mastigando as cenouras

Todas verdes, bolhas prásinas de fel e de escova de dentes

A aplicar a xilocaína ademonista e a enxovalhar

E vos dizer que rege, contudo, senão

A esmerilhar, a escarificar, a arrancar moitas e moitas de madeixas embirotadas

Um alvéolo e seu ser surfactante servil

Caçoando, marulhando a esticar o tendão do solo do inferno

A ter mentiras verossímeis, a lotar as calotas oculares

Com o gelo plácido e violáceo da morte – o urso bocejou

O feijão preso no teto e a ida ao revés da horta

Por todos que têm espelho

Para todos que lêem as entrelinhas

E para outros que espremem a testa e se curvam sobre o rim:

Tem não!

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 10/10/2009
Reeditado em 06/04/2010
Código do texto: T1858382
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.