AMOR, VERSO E ESPADA

Que não me exilem todos os versos de prata

- ferva-os com límpida água e os coloque cá de volta -

São tão poéticos!

Que me cedam ruborizada face a intervir pelo exsudado mel

Pobre céu!

Que me sangrem com o seu punhal dourado

E me tentem com áspera manhã de sal

São esses os temperos da vida

Tenho todos; não sugo pascigo se não na íntegra

Inverdades despedaçam sonhos de mancebo - páprica e cal

Quer a jaula sem a sanha, sem o berço.

Que me venham morcegos inválidos

Aliterando e “gerundiando”

Venham-me com os delitos da língua que lhes darei o ósculo da morte

Minha corveta içou âncora: suspeita de dor

Ao porto mais vago, ao inchaço, ao pôr do amor.

São essas coisinhas pusilânimes donde brotam arestas

São cataclismos e ínfimos devaneios destes versos

Que me lançam acúleos, que me entornam a aura flor

Por mais que chacoalhem enegrecida botelha: são tolices!

Não os tento com adaga afiada... O amor não tem pele

Tem sangue, luvas e sede.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 21/10/2009
Reeditado em 21/10/2009
Código do texto: T1879257
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.