AMOR, VERSO E ESPADA
Que não me exilem todos os versos de prata
- ferva-os com límpida água e os coloque cá de volta -
São tão poéticos!
Que me cedam ruborizada face a intervir pelo exsudado mel
Pobre céu!
Que me sangrem com o seu punhal dourado
E me tentem com áspera manhã de sal
São esses os temperos da vida
Tenho todos; não sugo pascigo se não na íntegra
Inverdades despedaçam sonhos de mancebo - páprica e cal
Quer a jaula sem a sanha, sem o berço.
Que me venham morcegos inválidos
Aliterando e “gerundiando”
Venham-me com os delitos da língua que lhes darei o ósculo da morte
Minha corveta içou âncora: suspeita de dor
Ao porto mais vago, ao inchaço, ao pôr do amor.
São essas coisinhas pusilânimes donde brotam arestas
São cataclismos e ínfimos devaneios destes versos
Que me lançam acúleos, que me entornam a aura flor
Por mais que chacoalhem enegrecida botelha: são tolices!
Não os tento com adaga afiada... O amor não tem pele
Tem sangue, luvas e sede.