...Na solidão...

Minha poesia é um grito de amor silencioso, cujo eco se prende nas lianas do meu ser, impotente diante dele mesmo...

Quisera uma voz, nesse instante, um braço, um colo, um apoio, um abraço... Não... Na solidão, apenas se divaga...

No vácuo o som não se propaga...

Mas meu universo terá sons, eu os criarei mais lindos que jamais se imagina conceber, e das distâncias e ausências, inventarei um conto de fadas, o mais belo sonho de amor, e nele, me abrigarei... Sonharei bem baixinho, para que a realidade não ouça, não intervenha, não apague a poesia desse sonho que me faz feliz...

Fugirei pelas estradas onde o vento sopra, levantando a poeira do chão, mas despertando perfumes adormecidos em flores esquecidas, à beira do solitário caminho onde, como fosse parte da paisagem, ando despercebida de um eventual passante que leva seus pensamentos, como eu...

Sentar - me - ei à sombra de uma frondosa árvore, ouvirei atentamente o farfalhar das folhas, o canto dos pássaros, o zumbido das abelhas, o murmurar suave das águas do rio, ao longe... Observarei os volteios coloridos das borboletas diáfanas e o vôo lindamente inimitável dos beija flores...

E quando uma saudade doída de mim se aproximar, subirei até os galhos mais altos, para evitar que ela me alcance, para que não me faça lembrar de momentos que um dia vivi, das noites brancas em que, sem querer, lágrimas verti...

Ao cair da noite, quando a tarde morena estiver indo embora, e no lusco fusco surgir a primeira estrela, ardentemente lhe pedirei que torne realidade, os sonhos que sonho, materializando ao meu lado, a presença do homem que me reensinou a amar, com sua ternura...

E a quem quero, sempre, fazer feliz...