A VACA DE EUSÉBIO

Da cisterna bebeu a coxa vaca de Eusébio

A água pútrida e verde do sertão

Vazava olhos pelos lingotes de fogo

Mais inda esquivos, mores e sãos.

Tamanha a pata da coxa vaca de Eusébio

Que mistérios não tinha, só cores

Havia sangue em indolor fleimão

Que ardia nas manhãs como ódio, como ódio.

Maldita fúfia e coxa vaca de Eusébio!

Nem histórias apreciava lecionar; era safa

Deglutindo entregoles de cicuta com sal

Armas as quais exibia, ferozmente.

Maldita, maldita vaca de Eusébio!

Ao longe, cantava o pároco sermão prateado

Crivado das caprichosas ladainhas

Mugindo, ruminando, defecando e sorrindo.

Maldito pároco!

Atraiu para si a safa vaca de Eusébio

Que, ao vê-lo sorrindo e defecando ladainhas

Pôs-se a cantarolar e a se embebedar da água.

Ó maravilhosa vaca de Eusébio!

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 24/11/2009
Código do texto: T1941215
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