ORAÇÃO IV

Senhor não permita que a voz do passado ressoe em meu pensamento infantil. As canções de ninar que não ouvi. A saudade daquilo que nunca senti é atróz! A ausência do que nunca experimentei é amarga. Oh! Brado fúlgido e retumbante! Tambores, tambores, tambo, tamb, tam, tam, tam...

Pai! Deixe-me chamá-lo PAI! Palavra que como humana nunca pronunciei. Fui feita de quê? Eleita para quê? Refeita em quê? Fuga do não querer? Não! Busca do entender. PAI! Meu papai! Meus ais ouves? Como te alcançar se sou barro feito seca?! Seca sou sem O entender! Às vezes sou, às vezes estou, nem sempre continuo, o sempre.

PAI! Acalanta-me. Embala-me. Eleve-me. Mergulhe-me nas profundezas. Nas profundezas das águas onde estão todos os segredos. Não sei nadar, nada...

Ouvir falar já não me basta. Tentar entender já não me completa. Estou inquieta. Coisa que abominas.

Não sou fria, não sou quente. Tenho medo que me cuspas no fogo ardente, onde há ranger de dentes.

PAI! Sou primogênita como teu amado filho. É por isso que sozinha estou? Sou pedaço que ainda não nasceu? O espaço que ainda não cedeu?

Só quero colo para dormir. Mãos para afagar. Olhos para sorrir.Braços para me esquentar do frio.

SÓ QUERO O MEU AMOR! Onde Ele está, POR FAVOR! Mande-o para o lado de cá. Um poucochinho, só um poucochinho.

Esquece minhas transcressões. Quero apenas descansar.Apenas descansar. Apenas...

É pedir muito Pai? Um pouco de adoção?

Devolva MEU IRMÃO, SENHOR!!!

Sarah Embaixadora Nena Sarti
Enviado por Sarah Embaixadora Nena Sarti em 24/07/2006
Código do texto: T200711