A SÓ COM A VIDA POR QUASE UM INSTANTE

A só com a vida por quase um instante

No pascigo, a marca, o oceano

Lume mais imperfeito, o peito

Trazendo-me a heróica fonte.

A só com a vida por quase uma vida

Na contracapa estanque e ferina

Empelotada tez, de vil ruge, que muge

Entre a cálida nudez do instante.

Simplesmente a só

Uma sombra delirante na janela

Apoita férreo nó, goela abaixo

Se precipício há, que haja deitado.

Sozinho pela vida a todo instante

Governantes a colecionar roupinhas

De verde seda, roto semblante; a intoxicar

Até que separe da morte a vida... decantar.

Só o instante teve com a vida

Na morbidez plena duma noite de açafrão

A alojar mesquinharia; pelo ralo, prataria

Na vertigem onde se deu nigérrima pata.

A só com o instante, a brasa da vida

A ganhar de vista o clamor da essência

Que criva na alma a suprareinante flor

Despetala, amolga, mas enobrece à ida.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 19/01/2010
Código do texto: T2039252
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