A SÓ COM A VIDA POR QUASE UM INSTANTE
A só com a vida por quase um instante
No pascigo, a marca, o oceano
Lume mais imperfeito, o peito
Trazendo-me a heróica fonte.
A só com a vida por quase uma vida
Na contracapa estanque e ferina
Empelotada tez, de vil ruge, que muge
Entre a cálida nudez do instante.
Simplesmente a só
Uma sombra delirante na janela
Apoita férreo nó, goela abaixo
Se precipício há, que haja deitado.
Sozinho pela vida a todo instante
Governantes a colecionar roupinhas
De verde seda, roto semblante; a intoxicar
Até que separe da morte a vida... decantar.
Só o instante teve com a vida
Na morbidez plena duma noite de açafrão
A alojar mesquinharia; pelo ralo, prataria
Na vertigem onde se deu nigérrima pata.
A só com o instante, a brasa da vida
A ganhar de vista o clamor da essência
Que criva na alma a suprareinante flor
Despetala, amolga, mas enobrece à ida.