MEU VELHO PIANO

Sobre meu piano um metrônomo insiste

em marcar um andamento,

mas meus dedos cansados e envelhecidos,

não conseguem mais a virtuosidade de outrora.

As teclas de marfim guardam notas perdidas

de uma partitura esquecida, envelhecida...

Perdi os sons vibrantes,

os acordes marcantes...

Resta-me a docilidade infantil de apenas

brincar sobre o teclado já amarelado pelo tempo.

Notas desafinadas repercutem na sala vazia,

entre fusas e semifusas destoantes.

O brilho envernizado de meu velho piano,

reflete meu semblante triste e saudoso.

Sem desistir, insisto em reviver os sons

do passado, mesmo pressentindo

que não os trarei de volta.

Vencida pelas tentativas vãs, meus dedos

se recolhem diante de minha fragilidade e comoção.

E calo abruptamente as teclas.

Fecho meu piano, recolho os fragmentos

de minh'alma entristecida e vencida.

Quem sabe amanhã, ou depois,

o tempo me devolva a agilidade perdida

Quem sabe...