Da cantiga que lembra o sol da tarde,
Um violão e uma prosa solta ao relento,
Fica a foto de uma pequena cidade.
 
Nos cantos, nas praças bandidas,
A igreja alimenta o povo de esperança,
As noites reverenciam uma ex-donzela.
 
No entorno os peões recordam façanhas,
Enquanto a rude mulher encara a cana,
E os filhos seguem uma manhã de trabalho.
 
A cidade esconde a pobreza dos “homens”,
Dos currais fartos ao feno da esmola,
São poucos os ricos na multidão.
 
Do pequeno hospital ao sino da igreja,
Hoje tem a peleja entre Deus e o Diabo,
Façam fila para beberem o defunto.
 
De tudo e todos não silencia o violão,
A cantiga segue o trinado do trinca-ferro,
Vem para a terra toda a boa semente.
 
Já não faço poesia da grande cidade,
Só do que meu coração inventa,
Uma lembrança de um fato inexistente.
 
Quisera eu ter sido peão de boiada,
Onde o estrume é o aroma da vida,
E o berrante um aviso dos céus.
 
Mas se a verdade aponta outra história,
Não há de ser meu sonho uma mentira,
Sigo cantando a cantiga do por do sol.