Esperança
Bati à porta da felicidade...e ninguém apareceu...
Sentei-me no chão, e esperei que ela chegasse.
Vi um vulto que se aproximava, olhou para mim e convidou-me para
sair dali.
Vivemos muito tempo juntos, disse que se chamava AMOR, e que me
queria para sempre.
Muito tempo passou, mas eu não estava contente. Ao fim de alguns
anos de convivência, remexi as suas coisas e encontrei o seu BI.
Havia-me mentido...chamava-se não AMOR, mas ILUSÃO!
Invadiu-me o desespero e corri para longe. Revoltada com tal mentira
corri para um beco escuro. Por lá me deixei ficar...só e abandonada.
Ao cair da noite, um gato passou perto de mim. Olhou-me com um ar
carente, faminto, porém...desconfiado.
Tirei um pedaço de pão que tinha no bolso e dei-lhe a comer.
Ele, satisfeito, comeu e veio juntar-se a mim.
Fechei os olhos e relembrei a minha agonia, e estranhamente
apaziguada com a presença daquele pequeno novo amigo. Aquele gato era
tudo o que tinha, e o beco era a minha nova casa.
Senti de súbito uma mão nos meus cabelos. Assustada, percebi que o
ato era agora gente. Alguém, que, sem falar, ,e olhou nos olhos e me
estendeu a mão, pedindo-me que o seguisse.
A meio do caminho, decidiu pronunciar-se:
- Aquele gato era eu. Queria ver como estava o teu coração após
uma desilusão, e surpreendeste-me! O meu nome é RESPEITO, e vou levar-te
a minha casa. Hoje tenho lá uma festa e gostava que fosses,
já que foste tão gentil comigo.
Eu segui-o sem pronunciar uma palavra.
Parámos junto à porta duma casa bastante humilde. A casa era pobre,
mas acolhedora. Lá dentro havia de facto uma festa.
Alguns indivíduos haviam-se juntado à volta da lareira a beber chá, pareciam desenvolver uma conversa animada.
- Caros amigos. Esta é uma amiga que conheci há pouco e que
convidei a juntar-se a nós. Cara amiga, aqui está o meu fiel amigo
AMOR, ao lado está a FELICIDADE. Ali mais ao findo é a FIDELIDADE.
Aqueles dois que estão a jogar às cartas são a LOUCURA e o DESEJO.
Vem...senta-te aqui, que eu vou buscar-te uma chávena de chá.
Sentei-me timidamente no sofá. Depressa fui integrada no calor do
convivio. Perguntaram-me como tinha conhecido o RESPEITO. Contei-lhes
a minha história e de como tinha sofrido ao conhecer o AMOR. Neste
momento o AMOR derrama uma lágrima e diz-me:
-Desculpa, não era eu. Era a minha irmã, a ILUSÃO...ela às vezes
faz-se passar por mim, o que me entristece muito. Mas aqui connosco
estás bem, estás entre amigos!
Aquelas palavras confortaram-me.
Entretanto o respeito aponta-me uma chávena de chá e uma fatia de
bolo.
No meio da agitação, eis que a LOUCURA se aproxima e diz:
- Olá! Desculpa, estava distraída e não te vi entrar. Eu sou a
LOUCURA...e tu, como te chamas?
-Oh, desculpem! Até me esqueci de em apresentar. O meu nome, é
ESPERANÇA.