Despedida

Ele virou-se e foi andando sem aceno, sem palavras, qual um dia que parte sem aviso.

Era verão, uma tarde quente, sol a pino; seus passos lentos se afastaram quase sem deixar rastros. Virava-se ali uma página de muitas histórias, quase todas acabadas só a última ficou sem final, faltou paixão para assinar os versos que eu ainda lhe compunha.

Olhei ao redor; na varanda a rede parecia desbotada, as flores abriram todas na mesma manhã, o piso gasto, brilhava. Da cozinha o cheiro do café convidava à mesa ainda posta e pelo corredor o aroma de banho impregnava o ar.

Ele se foi como chegara; leve e sem se fazer notar. Naquele quarto onde muitas gargalhadas ecoaram, havia um silêncio absurdo contrastando com os meigos sorrisos ainda impressos, pendurados nas paredes, só os sussurros me afligiam a lembrança.

Deixei os olhos presos no espelho frio, de onde ele nunca mais saiu, atei as mãos aos lençóis ardentes de recordações só minhas.

Quem sabe o tempo dure infinitamente com esse sabor de até breve.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 18/08/2006
Código do texto: T219677
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