O motivo do meu amor

Durante três anos te escrevi longas cartas. Infelizmente não tive coragem de entregá-las, na verdade, não sei se algum dia houve ao menos a intenção. Nunca vou te perdoar por me abandonar, nunca. Contudo, com a mesma intensidade da minha amargura, ainda continuo te amando. Hoje já não posso mais abrir os olhos, tampouco consigo andar. Eu bem que tentei viver, eu juro, Arnaldo, juro por tudo, eu tentei. Mas, se algum dia você tiver um sentido de compreensão, vai entender que uma mulher se perde, se rompe e se vira em ruínas quando fica sem amor.

Eu não sabia o que queria quando estava em teus olhos. Tinha medo de te amar demais, medo de te perder para a minha imagem refletida em tua retina, medo de te cegar para mim. Não me lembro quando tu me deixaste, me apagaste de teus olhos e limpaste a tua boca, eu não lembro. Do que me recordo é do teu andar e do teu riso se transportando para a tua face quando me vias. E não esqueço da sensação... a sensação que me chegava minutos antes do telefone tocar. O que eu sentia era amor. Jamais pudera apagar de mim o som-veludo das tuas frases que entravam pelos meus cabelos e percorriam as minhas orelhas como uma sopa de letras. Porém, há uma coisa que esqueço... que abandonaste a mim e aos teus filhos e, principalmente, esqueço de mim por tanto te amar.

Aline S Silva
Enviado por Aline S Silva em 24/04/2010
Reeditado em 24/04/2010
Código do texto: T2215848
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.