Outonal
As águas perrengues e orvalhantes retiram-se apressadas
Aos meus olhos somem sem fôlego as paisagens de verão
Pulsa no peito um suspiro fresco, brando e avermelhado
Eu sinto que virás qual destino, feito brisa, tal anunciação
Posso ver o teu vulto singelo feito sombras e feições...
Não aparento e nem escondo pressa alguma
ainda que te perceba ali do outro lado da porta...
Este mundo forma uma densidade intrascritível
mas sei que és apenas um nesta numerosa multidão
de tanto te esconderes, acharás estrada até mim...
Às vezes corro ao teu encontro em noites quase frias
Entre ruas sem saídas recolho frutos maduros ao chão
Sob troncos rertorcidos muito cedo posso te encontrar...
Um dia busquei-te em segundo imaginando lugar longe
Pontualmente descobri tua imagem qual fosse a minha...
Tão cedo chegará o inverno e necessito que me aqueças
Por tal poema de outono, achar-te neste sonho preparado...
Sei que estás do outro lado da porta que desejo abrir
Por isso outono desvendado bem antes que amanheça
E eu te tenha fruto maduro pra tantas e todas estações.