O GOZO

Ao sonhar, veio-me de encontro o mar

A amar, relinchou coxa e cínica vaca

Outra vez, a alvorada irrompeu no estro

Sabe os dias, conta os átimos a vaguear, longínquo.

Nega a flor!

Resiste ao limo – mesmo prófugo – o pegajoso riso do pretérito

O cais ensangüentado

Que rege a lua hipócrita.

Quantas canções caem com a tarde gélida?

De estribilhos vagos e grises

Intercedendo, invadindo, gozando

Em ternos suspiros, sob o pejo olvidado do torpor.

Ah, quanto imaginar!

Ao pensar, fez-se o óleo

A lambuzar a tez, a lamentar com o esquife

A marulhar com o azul molhado e melado.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 24/05/2010
Código do texto: T2276706
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.