O tempo... Sempre ele!

O tempo é uma invenção do ser humano. Nós construímos calendários e relógios na intenção de marcá-lo e assim poder ter um controle maior sobre ele. Há quem acredite que o tempo é um elemento fundamental ao espírito e que esse não seria um tempo que pode ser marcado, cronometrado: ele é único e é somente, o tempo.

Eu prefiro acreditar na segunda opção. Embora seja um tanto mística, contudo, é mais confortante acreditar que o tempo não existe fora de nós, mas somente dentro de cada um. Crianças tem seu próprio tempo para crescer e desenvolver suas habilidades e ainda não o percebem como nós. Adolescentes tem o tempo como inimigo pois ele passa muito rápido para quem deseja continuar na condição de nem criança e nem adulto com mil responsabilidades, seguindo o lema, já chavão, de que cada dia deve ser aproveitado como se fosse o último. Os adultos conferem sentidos diferenciados, dependendo da situação em que se encontram. Uns rezam para que ele passe depressa, enquanto estão na faculdade, ou no trabalho, ou no trânsito congestionado, loucos para chegar em casa e poder desfrutar do chamado "tempo livre". E nesse tempo livre fazem inúmeros planos: que chegue logo o fim de semana para eu poder descansar; que chegue logo o fim do mês para eu poder receber mais um salário; que chegue o fim do ano para eu poder desfrutar das férias; que se passem alguns anos até eu poder juntar o dinheiro que preciso para comprar minha tão sonhada casa e meu tão precioso carro...

O tempo fora de nós é o tempo Cronos, ou cronológico, e responde a uma sequência determinada há muitos séculos. Ele é cíclico, circular e coletivo, termina e recomeça para terminar e recomeçar novamente. O tempo interno, especial a cada um é o tempo na sua dimensão Kairós, o tempo percebido, favorável a determinada pessoa. O tempo Kairós não pode ser medido e é diferente para cada pessoa. Ele é único e intransferível.

O tempo Kairós deve ser sentido e acolhido com a alma e o coração. É o tempo da espera e da liberdade que o universo sensivelmente nos impõe.

Anaturva
Enviado por Anaturva em 18/09/2006
Código do texto: T243460