O CHORO DAS BESTAS

Como um algoz que ladra, fere, mata e despe minh’alma

Imbricando seus nozinhos de escolha, de hipocondria

Como paródia desgastada e murcha – outrora, sabiam rir.

Sabe de uma coisa, profundo e cego peito?

A vida é delicada, mas tem a mão pesada e calosa

Faz se alojarem na gente, historinhas amendoadas.

Não há gaveta, não há

Deixo sob o vão viril da escada

Toda minha essência, arfando em muco sanguinolento.

Na bacia, tosca e ingênua, dois olhos repousarão

No pesar caloroso das frondosas e dos alpendres, debruçar-se-ão

Ao choro das bestas, ao coro fugaz do silêncio.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 19/08/2010
Código do texto: T2447262
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