O CHORO DAS BESTAS
Como um algoz que ladra, fere, mata e despe minh’alma
Imbricando seus nozinhos de escolha, de hipocondria
Como paródia desgastada e murcha – outrora, sabiam rir.
Sabe de uma coisa, profundo e cego peito?
A vida é delicada, mas tem a mão pesada e calosa
Faz se alojarem na gente, historinhas amendoadas.
Não há gaveta, não há
Deixo sob o vão viril da escada
Toda minha essência, arfando em muco sanguinolento.
Na bacia, tosca e ingênua, dois olhos repousarão
No pesar caloroso das frondosas e dos alpendres, debruçar-se-ão
Ao choro das bestas, ao coro fugaz do silêncio.