Já li meu futuro num jornal qualquer,
Ontem eu era um menino apaixonado,
Alucinado pela menina da varanda,
Mas nem mesmo uma manhã cinzenta
foi capaz de desapaixonar minha voz.
 
Algum tempo passado eu me vestia de play boy,
Santa mulher que corrompeu meus sonhos,
Agrediu minha face beijando minha boca,
Ontem fui menino sem o elo da história,
Cresci aprendendo o que meu pai não contou.
 
Já sentei as mesas correndo o dedo na bebida,
Falando das feridas que o passado abriu,
Jogando a sorte pelo ralo do vazio que sentia.
Fui correndo ouvir cantigas que a vida pariu,
E descasei da rotina nas estradas tantas.
 
Hoje a vida segue o sonho de menino,
Porque aprendi que o tempo não morre,
E tantas vezes foi-se a dor quanto o amor,
Tantas voltaram nos braços de uma poesia,
que segue cantando um rumo qualquer.