AMOR PERIFÉRICO

Esse amor periférico,

Ainda que não me deixe descoberta no peito,

Descobre-me os buracos.

Não são de suas palavras que sinto falta.

Não do silêncio longo demais para me calar

E me implorar menos sentimento.

Não tampouco da minha vontade.

O desejo sempre me deixou lacunas que zumbiam

Entre tantas frestas em mim sem encaixe.

Sinto falta mesmo, para maior inconformismo

Do meu coração metido a profundo,

De calar-me na sua fuga dissimulada.

Sinto falta da perdição involuntária

Que era congelar na sua presença

Respirando o teu silêncio.

Eu não queria e, ainda assim,

Era inundada diariamente por sua presença

Trezentas mil vezes maior na minha vida.

Eu te amava por causa da vida

E não por minha causa.

E isso era lindo. Você era lindo.

Renata Marques
Enviado por Renata Marques em 29/09/2006
Reeditado em 30/09/2006
Código do texto: T252648