AMOR PERIFÉRICO
Esse amor periférico,
Ainda que não me deixe descoberta no peito,
Descobre-me os buracos.
Não são de suas palavras que sinto falta.
Não do silêncio longo demais para me calar
E me implorar menos sentimento.
Não tampouco da minha vontade.
O desejo sempre me deixou lacunas que zumbiam
Entre tantas frestas em mim sem encaixe.
Sinto falta mesmo, para maior inconformismo
Do meu coração metido a profundo,
De calar-me na sua fuga dissimulada.
Sinto falta da perdição involuntária
Que era congelar na sua presença
Respirando o teu silêncio.
Eu não queria e, ainda assim,
Era inundada diariamente por sua presença
Trezentas mil vezes maior na minha vida.
Eu te amava por causa da vida
E não por minha causa.
E isso era lindo. Você era lindo.